por Tales Ab’Sáber

O conservadorismo no Brasil nunca implicou em desenvolvimento social e econômico coletivo. Conservadorismo no Brasil foi, explicitamente é dito assim no século XIX, o conservadorismo do sistema social da escravidão, durante os primeiros 65 anos do país.

Foi derrubado pela diligência interessada inglesa, que perseguia e arrestava os navios negreiros do Brasil, ilegais, piratas, mas ligados vitalmente ao conservadorismo social brasileiro, o grande instrumento da reprodução do espírito conservador escravocrata que fundou o país na constituição outorgada de 1824.

O conservadorismo brasileiro sempre foi preguiçoso, atrasado, preconceituoso, racista e socialmente violento.

Era o modo de ser daqueles escravistas coloniais que se tornaram brasileiros, pela mão do príncipe herdeiro do trono português, em 1822. Burro e religiosamente justificado.

O que ele conservava era a riqueza nacional hiper-concentrada em uma sociedade de trabalho escravizado. Combatido por mais de trinta anos pelo movimento abolicionista, empilhou vitórias e manteve o país fora do mundo social liberal e fora da dinâmica das classes que produziu a primeira revolução industrial.

É a origem da maior concentração de riquezas de uma nação livre e moderna, com economia global relevante, que se tem notícia.

É a origem do Estado de extermínio antissocial brasileiro. Do desprezo racista pelo povo brasileiro.

É origem da recusa da democracia social pela elite brasileira. Pode-se observar a franca indigência moral e o besteirol cultural, sustentado em máquinas de mentiras históricas, de qualquer autoritário que se diga “conservador” no Brasil.

O que essa gente quer conservar? Um país atrasado, de matriz escravista e ignorante de toda a cultura crítica ocidental?

TALES AB`SÁBER é psicanalista, escritor, professor, doutor em psicanálise (USP) e membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae