por José Ernani Almeida

Meu prezado leitor já teve ter se deparado com postagens de bolsonaristas fazendo apologia do seu guru, Olavo de Carvalho, e tecendo críticas a Paulo Freire. Este, recentemente, taxado de energúmeno pelo “culto” presidente, ignorando que Freire é estudado nas 20 principais universidades do mundo. Pequeno e desprezível detalhe.

Olavo, ex-astrólogo, que se acha filósofo, consegue a cada cinco palavras falar seis coisas estúpidas. É um radical anticomunista, embora não faça ideia – em função de sua indigente escolaridade – o que vem a ser socialismo ou comunismo.

Exemplo: Gramsci e a Escola de Frankfurt têm posturas bem diferentes no âmbito da literatura marxista. Olavo os toma como iguais e os coloca sob um rótulo esquisito, o “marxismo cultural”.

É de se perguntar se existe o “fascismo cultural”! O fascismo incultural existe, é onde está Olavo de Carvalho, como muito bem define o filósofo Paulo Ghiraldelli, em seu livro “A filosofia explica Bolsonaro”.

Os olavistas são muito estranhos. Basta ler ou ouvir o que escrevem e dizem. O meu caro amigo Juremir Machado da Silva, em artigo no Correio do Povo, destacou algumas antológicas – referente a anta – frases de integrantes do atual governo, todos olavistas de carteirinha. Vamos a elas.

Dante Mantovani, presidente da Funarte: “O rock ativa a droga que ativa o sexo que ativa a indústria do aborto. E a indústria do aborto alimenta uma coisa muito mais pesada, que é o satanismo”

E não parou por aí: “A Unesco é uma máquina de propaganda em favor da pedofilia”. Fechou com outra pérola: “ Os Beatles precisavam destruir as famílias americanas porque elas eram a sustentação do capitalismo”.Eta conjuntinho marxista!! Um dos meus assustados botões indagou: Já internaram este cidadão em uma clínica psiquiátrica?

Roberto Alvim, secretário nacional da Cultura: “Fernanda Montenegro é sórdida e mentirosa”. Precisa comentar ???

Rafael Carvalho, presidente da Biblioteca Nacional: “Cadê nossa literatura? Quem é o herdeiro atual de Machado de Assis? Cadê a nossa filosofia? Espero que o legado de Olavo de Carvalho resolva…”Este se superou em matéria de besteira ao acrescentar: “Livros didáticos estão cheios de músicas de Caetano Veloso, Gabriel O Pensador, Legião Urbana. Depois não sabem por que está todo mundo analfabeto”.

O ministro da Educação é figura obrigatória nesta nominata de frases do ano. Abraham Weintraub, do alto de sua reconhecida cultura literária lascou contra um interlocutor: “Prefiro cuidar dos estábulos, ficaria mais perto da égua sarnenta e desdentada da sua mãe”. Eis o ministro da Educação em toda a sua verdadeira dimensão!

Sérgio Camargo, negro, indicado para presidente da Fundação Palmares – já afastado –, no curto período de mandato conseguiu mostrar como o governo sabe escolher as pessoas certas: “A escravidão foi terrível, mas benéfica para os descendentes. Negros no Brasil vivem melhor que os negros da África”. Outra: “No Brasil de hoje Zumbi seria um bandido ou defensor de bandidos, integrante do MST”. Só faltou dizer que Ganga Zumba seria chefe de milícia.

Para fechar não poderia faltar o ilustre presidente da República que ao longo do ano despejou insanidades no atacado e no varejo. Uma das mais recentes merece o prêmio de “a parvoíce de 2019”: “Agora Leonardo DiCaprio é um cara legal, não é? Dando dinheiro para tacar fogo na Amazônia”. O uso do verbo “tacar” é coisa de gênio.

Sem dúvida, Olavo de Carvalho fez escola. É difícil acreditar que, um dia, os bolsonaristas abandonem o seu guru. Eles estão irmanados pelos laços profundos da mediocridade e da mais profunda indigência intelectual. E o energúmeno é Paulo Freire. Ulalá!!!

JOSÉ ERNANI ALMEIDA é professor de história do Brasil e especialista em história pela UPF/RS