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A grama do vizinho

Claudia de Marchi

Acho que tendências humanas não devem ser consideradas regras e, principalmente, não devem ser tidas como imutáveis quando elas não acarretam a nossa felicidade.

Exemplo disso é a que deu origem ao “brocardo” tolo que diz que “a grama do vizinho é sempre mais verde”. Se for assim, as pessoas nunca serão felizes em suas casas, com suas esposas e filhos, assim como em seus empregos, afinal, a casa do amigo, a esposa do amigo, os filhos dele e o seu emprego sempre serão “melhores” ou mais “atraentes” que os seus!

Ademais, este é o caminho principal para a tola e estúpida inveja! Na verdade, eu tenho quase total certeza de que está mania que a maioria das pessoas possui de valorizar o que não possui e esquecer-se da graça do que conquistou é um gatilho infalível para a frustração e, mais, uma plena demonstração de ausência de inteligência emocional.

Algumas pessoas, porém, passam anos, meses e fazem de tudo para conquistar alguém e quando a pessoa passa a lhes amar, o encanto se esvai. Da mesma forma, aqueles que lutam por um cargo, o conseguem e depois se entediam.

Enfim, estas pessoas valorizam o intocável, o inacessível, e quando a situação muda, a “graça” se esvai. Impossível ser feliz nesta vida se você quer ser sempre aquele que “batalha” por algo, se você quer ser o cidadão que “corre atrás” e não o que conquista.

Sendo assim, sugiro que você passe a olhar para a sua esposa com a admiração que aquele que não têm o seu amor e atenção olha, que você olhe para os seus filhos como sendo a sua melhor “obra”, que você olhe para o seu emprego dando-lhe o valor de algo que lhe sustenta merece.

Se isso for impossível? Deixe a esposa ou saia do emprego, já que filhos são para sempre e eles vieram ao mundo por sua vontade ou irresponsabilidade! Da mesma forma, sugiro que você olhe para a sua grama com encantamento e conclua que, se ela não está mais verde, é porque você não está cuidando como deveria ou o clima seco não está colaborando, e neste caso, provavelmente não estará ajudando a mais ninguém, o que pode indicar que a grama do seu vizinho é falsa.

Enfim, o gramado do seu vizinho a ele pertence, logo, por tal razão, ele não precisa ser valorizado por você. Ou você volta os seus olhos às pessoas que lhe amam, àquilo que você conquistou e possui ou, além de infeliz, você será mais um tolo descontente no mundo.

Aquilo que é do outro nunca vai lhe “dar trabalho”, portanto tenderá a parecer melhor do que, de fato, é: a esposa do outro nunca vai se implicar porque você sujou o tapete novo com o tênis sujo ou porque você anda disperso, da mesma forma, os sócios do outro nunca irão criar embates com você e o chefe do seu amigo sempre lhe será agradável.

Enfim, da grama alheia não é você quem precisa cuidar, cortar e molhar. Tudo aquilo que “pertence” a outrem não lhe irrita, não lhe dá trabalho e nem decepciona você, somente por isso lhe parece melhor, mas não é! É simplesmente “do outro”.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 20 de maio de 2014.

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