por Fabio Belo

Piroca na mamadeira, pênis na fiocruz. O uso do discurso sexual-delirante é uma estratégia fundamental no bolsofascismo. A homofobia, a misoginia: elementos muito importantes na manutenção de uma imagem de família natural.
O bolsofascismo se nutre da angústia do neurótico comum, avesso à plasticidade do sexual, à multiplicidade do desejo.
O bolsofascismo articula fortemente um cristianismo totalitário-agressivo e um biologicismo-delirante. As ideias de que “se nasce” homem ou que é possível “corrigir” a homossexualidade na porrada são correlatas à masculinidade infalível e ultraviolenta de homens armados e incapazes de civilidade mínima.
A mulher, no bolsofascismo miliciano está reduzida à imitação do macho abusivo ou ao silêncio subserviente. Aquelas que não se curvam, são lembradas a todo momento que são estupráveis e matáveis. Articular a esquerda à sexualidade depravada é estratégia fundamental da elite que sempre traficou meninas, explorou mulheres até a morte e alimenta toda rede de hiper exploração sexual da classe trabalhadora.
É muito importante para a direita manter a imagem da esquerda tarada e sem controle. É como a igreja católica falando da pedofilia enquanto pecado de infiéis. É como protestantes condenando a usura de seus seguidores. Quanto mais delirante, melhor: invenção de vírus chinês, controle robótico de RNA, vacinas autistas, pedofilia, comunismo…
Enfim, o que vai sempre impressionar é a captura do sujeito que vai acreditar nisso, que vai reproduzir isso sem cessar no zap da família. O que demonstra de forma muito cabal: crenças são sustentadas por redes de afeto muito mais do que por verificação lógica.
FABIO BELO é psicanalista, mestre em psicologia, doutor em literatura brasileira e professor de psicanálise na UFMG
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