por José Ernani Almeida

A devastação da Amazônia pela ganância de uns poucos desmatadores e mineradores, aliada ao descaso do governo com o meio ambiente, podem custar caro aos pecuaristas e produtores brasileiros.
Investidores internacionais, com capital de 3,75 trilhões de dólares em ativos, anunciaram a intenção de retirar recursos da produção de carne e grãos do Brasil se não virem progresso no combate ao crescente desmatamento da Amazônia.
Se presidentes anteriores tiveram a clara dimensão do que representa a preservação da Amazônia para a imagem do Brasil no mundo, Bolsonaro está praticando uma verdadeira autofagia na imagem nacional.
É preciso lembrar que já tivemos na Secretaria do Meio-Ambiente figuras como o ambientalista José Lutzenberger, no governo Collor, e , Marina Silva, internacionalmente reconhecida, no Ministério de Lula.
Agora, temos um ministro que responde processo por improbidade, por adulterar mapas e a minuta do decreto do Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Várzea do Rio Tietê, em benefício de empresas de mineração filiadas à Fiesp.
Mais. Em reunião ministerial aconselhou o descumprimento das leis ambientais para “ fazer passar a boiada”, enquanto a mídia se preocupa com a pandemia.
Na verdade, há um desmonte da proteção ambiental, que levou décadas para ser construída. Isso favorece a atuação de grupos criminosos. O ministro está comprometido com uma pauta antiambiental. Quer liberar a exploração de terras indígenas e unidades de conservação.
Não é à toa que o MP está pedindo o seu afastamento. Ricardo Salles, o ministro do Exterior e Bolsonaro possuem uma visão totalmente equivocada sobre a questão ambiental, que levou o país ao descrédito na comunidade mundial.
Fica claro a razão que Bolsonaro, mesmo antes da pandemia, não tenha sido convidado a frequentar nenhum salão da Europa Ocidental e tenha sempre sua figura associada à degradação ambiental e ao abandono das populações indígenas.
O INPE mostra que no ano passado, o desmatamento da Amazônia atingiu o maior índice em 11 anos. Nos cinco primeiros meses de 2020, devastação aumentou 34%.
Pobre Brasil, entregue a irresponsabilidade de um governo, que parece ter como tônica, a destruição de todos os valores mais caros de nossa cultura, costumes e a própria riqueza natural.
JOSÉ ERNANI ALMEIDA é professor de história do Brasil e especialista em história pela UPF/RS
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