ARTIGOS

A maldição das epidemias

por José Ernani Almeida

O coronavírus está ganhando status de epidemia global. Aliás, não é a primeira vez que a humanidade sofre com tal fenômeno assustador. No séc. XIV houve a Peste Negra, ou peste bubônica.

Alastrando-se rapidamente por grande parte da Europa, atingiu uma população já em declínio e subalimentada. As cidades congestionadas tiveram os mais altos índices de mortalidade.

Cerca de 20 milhões de pessoas, talvez – aproximadamente de um quarto a um terço da população da Europa –, pereceram no pior desastre humano da história conhecida. Fala-se em um total de 200 milhões na Eurásia!

Generalizaram-se a histeria e as superstições populares. Por vezes, essa histeria voltava-se contra os judeus, acusados de terem causado a peste envenenando os poços. Massacres terríveis de judeus ocorreram, apesar dos apelos do papado.

Em 1918, em plena 1ª Guerra Mundial, tropas inteiras griparam-se, mas as dores de cabeça, a febre e a falta de ar eram muito graves e, em poucos dias, o doente morria incapaz de respirar e com os pulmões cheios de líquidos. Era o surgimento da gripe espanhola, como ficou conhecida, devido ao grande número de mortos na Espanha.

A pandemia afetou 50% da população mundial, matando de 20 a 40 milhões de pessoas. No Brasil, ela chegou ao final de setembro. Em pouco tempo espalhou-se por todo o país. Vitimou até o Presidente Rodrigues Alves.

Aqui em Passo Fundo, as vítimas da gripe espanhola foram tratadas no Hospital São Vicente de Paulo, que iniciava sua histórica trajetória. Foram atendidos 76 doentes , sendo que 15 faleceram ( 4 crianças e 11 adultos).

O coronavírus, como sabemos, surgiu na China. Não me parece mero acaso. Os chineses possuem um histórico de desprezo pela natureza em nome da acelerada industrialização. Na verdade, colocaram o dinheiro acima da saúde e da vida em si.

Via de regra, toda a epidemia é fruto da degradação ambiental. Consequência da sujeira profunda, de qualquer tipo. Higiene não gera doenças!

Agora, como na Idade Média, manifestações histéricas absurdas surgem. Já existe igreja prometendo unção curadora para imunizar os fiéis contra o coronavírus e outras epidemias. Ulala! Só falta uma teoria explicando que se trata de um “complô marxista”.

Confidenciei a meus assustados botões: Terá a combalida rede pública brasileira condições de atender como deve a esta demanda? Basta lembrar que a Saúde deixou de receber no ano passado 9 bilhões de reais. Assim, nada indica que o novo vírus mudará esse cenário.

Conclusão. Só a unção curadora nos imunizará!! Aleluia !!

JOSÉ ERNANI ALMEIDA é professor de história do Brasil e especialista em história pela UPF/RS

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