por Laiela Santos

Para muitos o Carnaval é apenas parte de uma rotina anual. No entanto, para outros, o Carnaval é o momento em que conseguem se transformar no que desejam.
Carnaval é transgressão, folia, máscaras, beijos coletivos, amizades aleatórias, romances passageiros, homens vestidos de mulher, mulheres com poucas roupas, farra, bebidas e azaração. Mas afinal, por quê nesse período as pessoas resolvem extravasar? O que as faz exceder?
Talvez a compensação pela agenda cheia e pelas rotinas pesadas podem ser uma explicação. Talvez o Carnaval seja não mais que um escape das obrigações cotidianas: trabalho, faculdade, filhos, reuniões, conferências, etc. Uma vontade autorizada durante quatro dias de jogar tudo para o ar, desligar o celular e “ligar o foda-se”.
Nesse sentido, motivado ou não pelos festejos, o Carnaval sempre tem um “que” de fuga da realidade. Queremos esquecer de todos os compromissos que ainda virão pelo resto do ano, torná-los suspensos.
Mesmo assim, o Carnaval é das melhores maneiras de driblar as exigências de agilidade, de qualidade e de perfeição que cada vez mais recai sobre todos nós.
No século da frustração, da ansiedade e da depressão, o Carnaval funciona como celebração medicamentosa.
Uma festa tipicamente afetiva, desejosa, sensual e corporal. É também uma festa artística, cultural e estética, dimensões essenciais à saúde social. Carnaval é para beijar e amar, ainda que para isso seja necessário ligar um subversivo foda-se. Aproveite antes que acabe.
LAIELA SANTOS é escritora e militante do Movimento Feminista Negro
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