por José Ernani Almeida

Em mais uma de suas declarações estapafúrdias, Jair Bolsonaro voltou-se novamente contra a imprensa ao dizer que “jornalistas são uma raça em extinção” e que “ler jornais envenena”.
Esta é a típica postura fascista que promove o anti-intelectualismo, ataca universidades e sistemas educacionais, a imprensa que poderiam contestar suas ideias.
Depois de um tempo, com essas técnicas, a política fascista acaba por criar um estado de irrealidade, em que as teorias da conspiração e as notícias falsas tomam o lugar do debate fundamentado.
Nas entrelinhas de mais esta parvoíce do presidente fica claro o desejo de acabar com o jornalismo crítico e independente. Fica patente o perfil do censor, a herança autoritária dos tempos da ditadura militar, da qual o ex-capitão é um ardoroso apologista.
Extinguir o jornalista é pensar o ato de proibir e censurar, de se negar à sociedade o direito de acesso a informação balizada pela liberdade e pelo princípio da verdade.
Estas são questões datadas, frutos de um momento histórico passado, apesar de ainda frequentarem, mesmo que em menor escala, o nosso presente. Depois da ameaça da volta do AI-5, agora o clã Bolsonaro quer acabar com os jornalistas? Ulala!
Ler jornais envenena, segundo Bolsonaro. Não estaria o ocupante do Palácio do Planalto preocupado com as informações corretas, plurais e respeitadoras dos direitos de todos que a expressiva maioria de nossa mídia impressa publica diariamente? Estaria um governo, especialista em Fake News, descontente com a verdade ?
Para a jornalista Anna Landers, a verdade é nua, ao passo que a mentira sempre é bem vestida. Isto é, a mentira é vestida para seduzir e induzir ao erro.
A hostilidade de Bolsonaro em relação à mídia atinge níveis alarmantes e a ameaça a liberdade de informação está se tornando algo comum de parte do atual governo.
Hoje, mais do que nunca, o trabalho dos jornalistas torna-se fundamental para a manutenção de nossos verdadeiros valores democráticos. Nenhuma conduta que implique a supressão do trabalho da imprensa é uma conduta correta.
Tanto os homens do poder quanto os intelectuais revolucionários sempre tiveram consciência da força da palavra. As autoridades oficiais sempre viram o intelectual e o profissional da imprensa como cidadãos perigosos e, se comunistas, “desde há muito, tanto mais temíveis”.
Por aqui, isto insiste em se repetir !
JOSÉ ERNANI ALMEIDA é professor de história do Brasil e especialista em história pela UPF/RS
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