por Claudia de Marchi

Conversava há um tempo com um ex-parceiro e amigo sobre a posição política da maioria das pessoas na atualidade e, inclusive, dos homens com os quais me relaciono e já me relacionei sexualmente[1] de abril de 2016 para cá: a maioria de direita, “cidadãos de bem”, pró-impeachment, eleitores do partido “Novo”. Bem, segundo meu interlocutor, homens de esquerda não gostam de sair com acompanhantes, porque acham que isso “macula” o feminino.
Bem, farei uns apontamentos sobre isso: homens, o feminismo não é lugar para vocês erguerem bandeira, certo!? Vocês não precisam ser “feministos”, basta não serem machistas, basta apoiarem as feministas e respeitar o nosso “lugar de fala”! Quem define o que avilta o feminismo ou não somos nós, mulheres. Aliás, como feminista, digo mais: a sua visão, querido esquerdista radical e/ou esquerdomacho, é machista!
O feminismo deu a mim e a todas as mulheres o direito de fazermos o que bem entendemos das nossas vidas e corpos. Eu, uma mulher muitíssimo bem resolvida, resolvi virar acompanhante de luxo aos 33, quase 34 anos. Gosto de sexo e acho que nenhum homem vale uma transa gratuita comigo, ademais eu não quero e nem preciso de relacionamento amoroso nessa fase da minha vida.
Óbvio que essa Cláudia de hoje é uma construção intelectual, moral, afetiva e psíquica. Eu não fui sempre “assim”. Ou seja, se sou acompanhante é porque isso me faz feliz e nenhum pseudofeministo de esquerda tem o direito de fazer juízo de valor sobre isso. Simples! Tem dinheiro para pagar? Gosta de sexo bom, sacana e de uma conversa excelente depois? Sinta-se à vontade, a Cláudia de Marchi está aqui. Mas, por favor, se desapeguem de estigmas caretas e reacionários.
Eu faço o que faço porque gosto do prazer e, obviamente, do dinheiro não suado e bem gozado que ganho. Não façam elucubrações tolas e, até, preconceituosas e machistas achando que estão sendo mais “dignos” com elas.
Por falar nisso, eu sempre fico boquiaberta com os machinhos que dizem que “não gostam/não fazem sexo pago”. Os mesmos tolinhos que chegam seduzindo falando de seus títulos acadêmicos, hectares de terra e demais “ostentações” vis, ou, simplesmente, enchem as menininhas de vodca e champanhe em festas e depois acham que “conquistaram” a desconhecida semi-alcoolizada. Pagou dinheiro? Não, comprou com álcool. Ou com cantadinha, massagem no ego, “eu sou Doutor e dirijo uma BMW”. Enfim, acredite: de formas diferentes, mas você já pagou por sexo sim. Talvez mais barato, talvez com quem se venda por futilidades ou por carência, mas pagou. Sinto lhe informar.
Quiçá o seu “medo” seja ter um encontro frio com a acompanhante, mas os meus costumam ser calorosos, descontraídos e animados. Só não são assim quando o cara é bobinho e retraído, mas, como comigo não tem fingimento, a frustração fica estampada sem disfarce no meu rosado e enraivecido rostinho e o fora chega na sequência, porque sim, eu já dei muitos foram, afinal: meu corpo, minhas regras e o direito a dizer “não” em qualquer momento, pertence à todas as mulheres. Eu disse TODAS e EM QUALQUER MOMENTO!
Tenho para lhes dizer que, havendo seletividade, o sexo pago é idêntico ou mais excitante que o sexo gratuito e mais, é indenizatório em si mesmo: se o encontro for ruim, se o cara for um babaca narcisista, se só souber gabar-se de suas posses, se for invasivo, chato e sem graça, o dinheiro irá lhe indenizar e se a mulher for borderline (portadora de transtorno limítrofe de personalidade) as chances de ela se apegar e lhe perseguir diminuem bastante, o que não ocorre se você resolve se “envolver” com a colega de trabalho problemática, né!?
Muito melhor do que ficar semanas ou meses de papinho nas redes sociais, transar após uns jantares, ver que o cara é um bosta e pensar na lingerie comprada, na depilação gasta, na 3/4G desperdiçadas e no tempo inutilmente empregado para conversar com um otário, que, certamente, descontente por ser rejeitado e bloqueado, vai lhe chamar de “puta” do mesmo jeito!
Você não estará se dedicando a algo na esperança de casar, pela herança do jovem, pelos hectares, por nota ao fim do semestre na Faculdade ou por uns drinks! Como eu já disse em outro texto, segundo o Dr. Carl de Lie to me: “Todos nós pagamos por sexo pelo menos as prostitutas dizem o preço“.
Ademais, a situação entre pessoas de alto nível traz uma grande respeitabilidade implícita; pergunto: mulheres, vocês estimam mais a bolsa que a sua amiga lhes deu ou vendeu por menos da metade do preço, porque ganhou outra igual ou aquela importada de valor de 4 ou mais “dígitos” que você escolheu a dedo na loja?
Creio que, salvo raríssimas exceções, será a segunda a mais estimada.
Com sexo o “negócio” é praticamente idêntico. Não pense que seus homens, namorados, companheiros e maridos, não valorizam as acompanhantes. As caras, as de custo mais alto, tenham certeza, eles valorizam e respeitam muito. As mais baratas eu não sei, já que, aqui em Brasília julgam os R$ 850,00 (oitocentos e cinquenta reais) que cobro por hora, caro. Por não ter amigas ou conhecidas neste ramo, resta-me falar do único “case” que conheço bem: o meu.
Aliás, uma das razões de eu ter tirado um período quiçá “eternamente” sabático do magistério foi o desejo de não ter colegas ou convívio pacífico com gente que eu sei que não gosta de mim e das quais eu, também, divirjo.
Enfim, deixem de lado os seus pré-conceitos e preconceitos com um estilo de vida que, na prática, vocês não fazem ideia de como é. Existem agruras e riscos? Nas melhores coisas da vida existem riscos, queridinhas, exemplo disso é a realidade de todo militante combativo da área criminal do Direito, por exemplo.
Se a gente quiser segurança de verdade deveremos nos trancar num calabouço e engolir a chave. O mesmo que disse o Dr. House quanto a não ser magoado: não conviver com pessoas é a melhor forma de não se desapontar com elas.
Bem, a questão é que existem excessivos tabus em torno do ofício que assumi ao mundo sem medo algum. E sentir isso, em pleno 2016 (quando comecei), me deixou estarrecida. O quanto discriminações religiosas vem crescendo, também me apavora.
Assim como o preconceito que faz com que muitas prostitutas menos afortunadas do que eu fiquem à margem da sociedade e da Medicina: cuidados ginecológicos e psicológicos, informação, leitura e etc. Todas precisam, muitas não podem bancar. E elas precisam pelo fato de serem mulheres, seres humanos em situação de risco que não fazem nada ilícito.
Prostituição não é crime no Brasil, lucrar com trabalhadoras sexuais em bordéis, a título exemplificativo, é. Eu não estou roubando ninguém, assim como estas garotas menos cultas. Eu não estou enganando ninguém, eu não digo que amo pessoa alguma, eu não tenho interesse nas finanças de homem algum, eu não faço nada de desonesto. Pelo contrário, eu converso, eu ouço, eu apoio e até ajudo muitos homens e mulheres com meus livros, site e blog que sempre pugnaram pelo empoderamento feminino.
Eu não sou casada, se fosse eu não seria acompanhante, pois sou intensa demais pra namorar ou viver com alguém e transar com outros. Ademais, eu não acharia nada admirável um cidadão que permitisse isso, consequentemente não me apaixonaria pelo corno em potencial, afinal, para haver paixão precisamos admirar minimamente ao outro!
Enfim, são só “dates”, queridas! Tem atenção, tem papo, tem afeto, tem calor humano. Tem hora para começar e, teoricamente, para acabar! Tem toques, tem boca lá, lambida aqui e etc.. Sim, tem tudo isso, mas desonestidade não tem. Vergonha menos ainda.
E, sabe por que eu não tenho vergonha? Porque eu sou a bolsa cara que você economiza para comprar e se realiza quando a “coloca” em você!
Fazer sexo é bom, fazer sexo por dinheiro, para mim, é melhor ainda. E eu não estou incentivando ninguém a fazer o mesmo. Eu só estou incentivando a todas as pessoas a pensarem, questionarem e deixarem a sua hipocrisia de lado, porque opiniões, crenças, religião e credo são como pênis: você pode ter, mas querer “enfiar” à força nos outros, você não pode!
Parem de achar que chamar a “coleguinha” de puta é ofensa. Não é baby! Triste é ser chamada de infeliz, desocupada, recalcada, tacanha. Já falei “infeliz“? A “puta” que dá em troca de dinheiro ou a “puta” que “é” aquela com quem o seu namorado flerta e lhe desrespeita (ele, não ela!), não são infelizes. A “puta” que esfrega gratuitamente a pepeka em barbas alheias a cada sexta-feira faz o que gosta. A que cobra, barato ou caro, também!
Enfim, ser “puta” não é feio, menina! Feio é o seu preconceito, feia é a sua ira, a sua frustração, o seu recalque. Feio é fingir orgasmo, feio é “fazer pra agradar”, feio é enganar!
Guarde o seu preconceito para si ou leia, evolua, mude! O mundo não é o seu umbigo. Não me apedreje, porque meus pecados diferem dos seus. Porque pecados, amiguinha, eu sei que você também tem!
CLÁUDIA DE MARCHI é advogada e acompanhante de luxo. Mais sobre a autora no site http://www.claudiademarchi.com.br
[1] Sobre o uso destes termos em referência a minha vivência como cortesã: desde 2017, evito os termos “atendimento”, “atender” e “clientes”, pois, para mim, eles remetem a um “estilo de ser” do qual abdiquei: o “profissionalista”. Eu fiz, portanto do sexo com o plus do dinheiro um estilo de vida que, felizmente, garante a mim e a minha mãe um viver digno e honesto.
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