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O anti-machismo como forma de superação das “diferenças” entre os gêneros.

Por Cláudia de Marchi

Sabe quando a gente percebe que vive numa sociedade machista e idiotizada? Quando a maioria das matérias postadas em revistas e na internet, assim como vídeos, são no estilo: “o que eles não gostam na ‘hora H’”, “as atitudes femininas que mais irritam os homens”, “dicas de sexo oral com profissionais para deixar seu parceiro louco”, “as roupas que eles não acham sexy”, “os segredos de beleza e o treino da fulana para deixar seu namorado maluco”, “eles falam o que esperam numa relação a dois”, “aprenda a fazer ‘aquela’ sobremesa divina para o seu amado no dia dos namorados” e assim por diante!

Se matérias afins fossem destinadas ao público masculino eu e toda mulher do mundo teria vivenciado o grande prazer de ter convivido com homens melhores e mais evoluídos emocional, afetiva, psíquica e sexualmente. A imprensa na sociedade patriarcal deduz que só as mulheres devem agradar aos seus parceiros e, portanto, lerem as reportagens toscas que publicam com o único fim de “ensina-las” sobre os homens.

Por que não se investe em matérias para eles lerem sobre o que as mulheres gostam? De sexo oral a diálogos? Sobre a importância de ouvir e de “assuntar”? Porque somos “feitas para agradar” e não para sermos agradadas?! Porque homens não comprariam revistas com dicas sobre mulheres, pois “eles gostam mesmo de Economia, carros e mulher pelada”?! Sério que você pensa isso em pleno 2019, meu bem?!

O mundo tem uma maioria de mulheres conhecedora dos anseios masculinos e uma maioria de homens que julga ser difícil conhecer as mulheres e acha a “alma feminina” enigmática, como se, na verdade, não fossemos todos feitos de carne, ossos, água, ansiedade, sonhos e frustrações!

O machismo é um “projeto” limitante e desumano baseado na infantilização e no, posterior, “perdão” concedido aos homens, como se eles fossem animais irracionais, enquanto se cobra, exige, julga e apedreja a mulher. Os homens também são vítimas do machismo, pois enquanto são tratados como seres irracionais, muitos acabam afastando-se em demasia das suas emoções e cobrando-se demais no aspecto financeiro e profissional, pois a sociedade patriarcal lhes impõe a obrigação de serem ricos e bem sucedidos.

Enfim, é o machismo que está por trás da limitação afetiva que muitos meninos sofrem, é o machismo que faz com que muitos garotos cresçam sem o afeto necessário para tornarem-se seres humanos mais completos. Não existe uma “alma feminina“, existe construção social machista que, por sua vez, só faz os homens e as mulheres se afastarem uns dos outro, em muitos casos, sem sequer saberem as razões.

Fujam desses estigmas machistas, prezados homens e prezadas mulheres inteligentes, pois vocês podem ser melhores, basta que parem de agir como meros ”repetidores de fórmulas”. Pensem livremente! Pensem além das matérias das revistas femininas e masculinas, pensem além das frases feitas e imbecilóides que os “coaches” repetem por aí!

Em suma: não existe “cérebro masculino” ou “cérebro feminino”: existe criação, educação e reprodução de velhos hábitos. Existe cultura sexista, misógina e machista. Com um pouco de boa vontade, empatia e inteligência isso pode mudar e, no final, a racionalidade e a união entre os gêneros sairão ganhando!

Cláudia de Marchi

Brasília/DF, 28 de abril de 2019.

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